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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Trajetória acadêmica...

"Não estou mais interessado no que sinto/ Não acredito em nada além do que duvido/ 'Cê espera respostas que eu não tenho, mas não vou brigar por causa disso"...( Renato Russo na letra de Sereníssima- Legião Urbana)
Estes versos do meu saudoso ídolo, expressam com clareza este final de oitavo semestre, enquanto meus colegas convictos de sua formação docente, eu descrente na minha formação discente. Basta rever minha trajetória e verás uma pessoa sonhando em pular degraus de formação; graduação, pós,...doutorado. Estava convicta em seguir em frente, em ser professora!
Mas "não estou mais interessada no que sinto" ou no que de repente sentia. A vida acadêmica me fez voltar atrás, desconstruir convicções que havia construído durante o Curso Normal, me fez colocar à prova tantos discursos aplausíveis que na prática não passam de mera utopia, me fez acreditar ainda mais nas coisas que me causam dúvidas e duvidar, discordar, criticar parece que não foram boas ideias...
Criticar; escrever criticamente, sempre foi traço marcante de minha personalidade desde as correções de minhas redações no curso pré-vestibular Desafio, onde a professora Juliana Delpino já me chamava a atenção quanto a agressividade, mas não sei ser( ou escrever) de outra forma, quando está bom elogio caso contrário aponto o dedo, não por saber fazer melhor ou por me achar melhor que ninguém, mas simplesmente por não saber fingir que gostei e/ou concordei.
O ensino superior esperou de mim respostas que eu não tinha, eu necessitava contrariar o sistema, eu almejava criticar e criticando buscar respostas pra fazer diferente, mas venci pelo cansaço e acabei fazendo estágios tudo igual " sempre mais do mesmo"( como diz uma outra música de Renato)
Infelizmente o último verso na música não pude cumprir e briguei muito, rasguei o verbo, fui insuportavelmente do contra e mexi com a calmaria de alguns fóruns que pareciam ser movidos pela trilha sonora "aonde a vaca vai, o boi vai atrás", pois ninguém discordava de nada, então, eis que surgiram alguns críticos!  
"Acabo" (entre aspas, pois ainda tem o TCC) essa faculdade com algumas convicções:

  • Educação campesina é uma ideia muito bonita, embora seja uma utopia. Sempre haverá professores de pedagogia e outras áreas trabalhando no campo um conteúdo igual aos das escolas urbanas, pois é muito difícil adequar o currículo ao entorno extremamente rural da escola( universo riquíssimo de saberes populares que deveriam ser contextualizados em sala)
  • Eu não quero ser professora! Não quero "chover no molhado", "chutar cachorro morto", imortalizar uma educação que luta pra se modernizar e " no frigir dos ovos" continua sendo tradicional( por "n" motivos que vão desde falta de recursos, desvalorização dos professores e a boa e velha falta de vontade de mudar o que está cômodo)
  • "Pau que nasce torto, nunca se endireita" e eu nasci critica e vou morrer critica, quem não gostar que me perdoe, mas não vou mudar por causa de ninguém.
  • Estágio em séries iniciais.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Trabalhando reforma agrária e MST( Movimento de trabalhadores rurais sem terra) com de crianças de 4º ano







Trabalhei reforma agrária numa escola rural, onde a realidade dos alunos está à margem da reforma agrária e dos movimentos rurais. Sabia que, de certa forma, haveriam equívocos a respeito do MST, mas me deparei com uma interpretação extremante preconceituosa, desrespeitosa e fora de qualquer descrição benévola do que deveria ser a descrição de uma doce criança de 10 anos de idade... Deixei-o falar e depois questionei-o de onde tirou horrendas descrições desse povo ao qual ele descreveu irremediavelmente desonesto, baderneiro, inescrupuloso... Sem exitar ela me disse: "- Vejo na TV, professora!" Então, comecei a descrever manifestos, invasões e tudo mais aparentemente negativo que a mídia divulga sobre as mobilizações desse povo sofrido que usa da luta pra reivindicar seus direitos...Eles ficaram surpresos com meu apoio a esses movimentos e, então, comecei a tecer uma série de motivos pelos quais os trabalhadores rurais, literalmente, lutam por um pedaço de chão, num país de riquezas onde as desigualdades oprimem  muitos e beneficiam poucos...
Voltei na história, na colonização do país, nas primeiras divisões de terra que deram exorbitantes extensões de terras aos poucos " merecedores" das então sesmarias, fato histórico que eles desconheciam e que indignados ao compreenderem que além de tomarem a força o que era por direito dos nativos que ali viviam, os portugueses ainda se acharam no direito de distribuir entre as pessoas de confiança da corte, montantes de terra para a produção de riquezas que não beneficiaram o nosso país e que " de certa forma" prolongaram as desigualdades que, até os dias atuais, prevalecem mesmo que em menores extensões de terra. Há ainda, uma gigantesca desigualdade na distribuição de terras no nosso país que, a reforma agrária tenta solucionar, mas ainda recebe a resistência de uma elite que não quer abrir mão de suas riquezas unilaterais em benefício de inúmeras famílias sedentas por terras e pelo direito de trabalhar no que é seu, podendo assim, dar dignidade a sua família...
De forma muito sutil tentei esclarecer que o que a mídia mostra no MST, acontecem nas mais diversas camadas da sociedade, pois assim como há baderneiros no MST, há corruptos no governo... mas, muitos dos sem-terra que a mídia oculta são pessoas trabalhadoras tais como o pai de cada um deles( meus alunos) e que pra esconder esse lado bom de luta, de reivindicação por direitos á terra, a mídia interessada em proteger grandes proprietários de terra, desfaz desses movimentos rurais mostrando apenas a face negra de alguns de seus integrantes...
Eles ficaram surpresos e instigados a conhecer melhor o MST e saíram da aula com a certeza de que nem tudo o que a televisão mostra é verdade e precisamos ver com atenção os dois lados, para só depois então, criticar este ou aquele lado.
- Vivam os direitos sociais de todos! Abaixo a mídia persuasiva, que cobre com seu véu inescrupuloso os olhos de uma nação que desde jovem aprende a ver errado, ou distorcida, a verdade nua e crua que insinua-se diante de sua face e que  recusam-se a enxergá-la.

                                         Fonte da Imagem:http://guebala.blogspot.com.br/2011/10/estado-de-excecao-aspectos-da.html

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Outro ano que se vai...




Tem horas que o coração bate latente e parece que quer explodir pra fora do peito, como um pássaro que já fora livre e agora vive enclausurado em uma gaiola ansioso por voar, não porque seu dito “dono” negligencie cuidados, nem por nada e nem por ninguém ou motivo algum, mas simplesmente por ser da natureza do pássaro o instinto por voar, migrar e ir cada dia mais longe... Nunca vi corações voadores, mas por que esse aperto no peito? Por que essa sensação de que ás vezes ele queira sair pela boca; escapar pelas entranhas?
O bicho homem é tão mais complexo que os animais, tão imprevisível, tão sagaz e ao mesmo tempo, medida e proporção ridiculamente e explicitamente tolo...
Morremos por bipolaridades, vivemos equilibrados entre os extremos de amor e ódio, maldade e benevolência, paz e guerra, curiosidade e ignorância, amizade e desprezo, sinceridade e falsidade, rancor e perdão...
É tão envaidecedor mostrarmos status sociais, religioso, intelectual... e tão difícil demonstrar dificuldades, assumir erros, admitir falhas e calar o coração diante de quem nos cobre com verdade, superioridade e que detém razão...
Somos “sacos de pancada” da vida e não percebemos que a maioria dos golpes são desferidos por a gente mesmo num vai e vem de pensamentos, inquietações, lembranças, frustrações, pré-julgamentos, intolerância, ingratidão e simplesmente inobservar a vida que passa enganosamente devagar ao nosso redor... Negligenciamos ao tempo, a vida, ao que temos aos que nos cercam ao que realmente é nosso e nos interessa, a quem realmente amamos e aos que verdadeiramente nos amam...
O mundo não acabou e quantos de nós intimamente agradecemos ao nosso Deus a continuidade da vida? E se tivesse sido ao contrário? Você teria vivido seu último dia de que forma?
Mas, nós sábios mortais, humanos dotados de sabedoria, sabíamos que o mundo não iria acabar e já havíamos checado até a previsão do tempo para o natal... Tão versáteis, tão “antenados”, tão destemidos de tudo, de todos e de qualquer coisa...
No fundo no fundo somos enormes crianças brincando de faz de conta fingindo ser super heróis  e princesas num mundo que a gente insiste em proteger e que no fim das contas é um grande teatro que tecemos nossas cenas, improvisamos nossas falas, mostramos nossos medos, verdades e tormentos horas explicitamente; horas ocultando nossos mais temíveis segredos e levando na bagagem muito sonho e astucia de viver de ilusões e sonhos, devaneios e esperanças que no final de tudo foi o que mais nos deixou felizes e foram os momentos nos quais mais nos sentimos vivo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Você tem livros infantis em casa que não usa mais???




Então,me ajude a fazer uma caixa de leitura para um "Projeto de incentivo à leitura na Ponta Alegre do Mundo" e ajude a levar livros, histórias e muita imaginação as crianças da comunidade, escola e entorno desta localidade rural. Para entrar em contato deixe seu email nos comentários.

sábado, 20 de outubro de 2012

Educação Libertadora de Ideais Capitalista, será possível ou um sonho inatingível?!









Hoje participei pela manhã de uma palestra sobre Educação Ambiental, a palestrante faltou e, em seu lugar, veio um doutorando da FURG em Educação Ambiental, um cubano que teceu uma palestra com a participação e questionamento de todos os presentes, num dado momento, ele toca no assunto de solidariedade e que hoje em dia os médicos veem os pacientes apenas como clientes, então, eu tive de intervir com a ressalva de este tipo de atitude é característico do capitalismo ao qual vivemos... Diante de outros questionamentos críticos que fiz a respeito e com certo repúdio a este sistema ao qual estamos alienados, bitolados e, de certa forma, manipulados feito marionetes.
Existe uma canção da banda Legião Urbana que diz "O mal do século é a solidão,Cada um de nós imerso em sua própria arrogância,Esperando por um pouco de afeição"... de certa forma existe um fundo de razão nesta canção, mas eu agregaria a esta canção, que o começo de todos os males dos séculos é, e sempre será, o capitalismo e tudo aquilo que a ele se agrega: egoísmo, disputas por poder( incluindo revoltas, guerras, empasses entre países, consumismo, inversão de valores, desigualdades sociais, descasos, impactos e desastres ambientais)...
A coisa foi tão bem elaborada e tão bem estruturada que as pessoas acham absolutamente normal essa ideia de progresso( urbanos, tecnológicos, socioculturais, etc) e de consumismo desenfreado por uma modernização de padrões que vão desde uma ditadura de moda( roupas, sapatos, cores de tecidos, esmaltes e maquiagem) até uma ultima versão de um programa de informática.
Trocamos tudo que podemos trocar em nossas vidas: celular bom por outro melhor ainda, geladeira em bom funcionamento por uma outra com água na porta ou em inox, deixamos de usar certas roupas e calçados porque ninguém mais usa, iniciamos a pagar uma conta e antes mesmo de terminar de pagá-la nosso produto já esta ultrapassado porque o fabricante já está a ponto de lançar outro no mercado como "top de linha"... Não é raro encontrar lojas de assistência técnica de novas marcas de produtos eletrônicos? Já foi o tempo que a gente pode dizer que:-" aquele aquecedor tem 38 anos e troquei suas resistências na autorizada e agora ficou novo de novo" as coisas ditas como bens duráveis, estão vindo com prazo de validade e se estragou dificilmente existe uma peça para substituição ou se existe já não se adapta aos modelos antigos. O mesmo ocorre com certos profissionais que estão quase extintos como é o caso dos relojoeiros, sapateiros e artesãos de peças e produtos que antes eram feitos manualmente e com produtos de grande resistência e durabilidade, porém, hoje estão sendo feitos em larga escala nas indústrias e com materiais descartáveis, pouco duráveis e de péssima qualidade( como é o caso dos relógios e sapatos)...
Mas, quem estipulou essas mudanças??? Quem fomentou esses ideais de produção em massa e promessas de inúmeros empregos??? Quem nota grandes melhorias com essas mudanças???
O que nos trouxe, de fato, o progresso industrial???
Talvez muitos pensaram:- conforto! Comodidade! Facilidade e outros tantos benefícios que a modernidade trouxe aos lares e a vida das pessoas!
Ok! Bingo! Todos estes são ótimos benefícios e existem muitos outros... O fato é a falsa ideia que se originou de necessidade de atualização destes bens, atualizar-se as ultimas versões lançadas pelo mercado, pois sempre haverá novos lançamentos e a cada novo produto adquirido um novo produto deixa de ser utilizado, com o tempo ele vira lixo e lixo é algo que não existe!
- Mas como assim??? Não existe lixo? E o que é aquilo que o caminhão de coleta leva semanalmente de nossos lares???
Aquilo que chamamos de lixo é degradação do meio ambiente, é acumulo de produtos não-orgânicos que irão permanecer na natureza sem beneficiá-la porque não haverá o ciclo de renovação, porque da terra não saiu e para terra não voltará por que não faz parte na natureza. O lixo é o filho imundo do capitalismo é a sua "cria" destruidora que, na maioria das vezes, é sem solução porque nem tudo que é lixo é reciclável e daí o que fazer com ele???
Vivemos juntamente com a natureza e a imundície que nós mesmos produzimos e, muitas vezes, produzimos lixo sem necessidade porque nos rendemos ao impulso de comprar e comprar e comprar, não reciclamos nada, não consertamos nada, não consumimos menos e com mais consciência. Somos movidos por modismos do momento, em TER pra mostrar que TÊM e TER pra mostrar quem SOMOS, como se o TER fosse algo melhor ou superior ao SER; ou ao SER HUMANO.
Eis o CAPITALISMO, eis o EGOISMO que ele trás consigo que faz o ser humano acabar com a natureza visando lucros, riquezas... Que faz o cidadão gastar o que tem e não tem na busca compulsiva por um consumismo desenfreado... Que provoca guerras, guerrilhas e revoltas por causa de terra, de petróleo e de inúmeros outros recursos naturais...Que suja o meio ambiente como se não pensasse no futuro das próximas gerações e de seus próprios descendentes... Que faz o ser humano tão racional ser tão pretensioso ao julgar-se melhor que seus semelhantes pelo simples fato de ter o que o outro não possui, por pertencer a um outro padrão social...
O capitalismo é que tem feito as crianças serem o alvo da vez da mídia consumista porque se uma criança quiser algo, os pais por amor ao filho irão se esforçar pra dar sempre o melhor, mas o melhor está a cada mês saindo das fabricas e os pais não conseguem satisfazer seus filhos cada vez mais antenados e consumistas, e o que será dessas crianças no futuro??? Que tipo de adultos se tornarão???
Já vi nos pátios de escolas e em grupos de crianças do bairro, meninos e meninas tão humildes, crianças que podia ver em seus olhos seu grande potencial, boas e dotadas de humanidade e solidariedade apesar de seus chinelos gastos e roupas desbotadas eram felizes com o pouco que tinham e na escola e no convívio com outras crianças mimadas e sem limites de valores e respeito ao próximo, eram humilhadas por estas crianças que tudo têm e que nada entendem de valores humanos, apenas julgam por estética e aparência... Parece mentira, soa como algo cruel falar deste assunto, mas crianças que deveriam ser apenas crianças; inocentes crianças, que não deveriam selecionar pessoas por raça, padrão estético, religiosidade ou nível social, mas que POR ALGUM MOTIVO, JÁ NA SUA INFÂNCIA E VIDA ESCOLAR, REPRODUZEM ESSA CONDUTA(distorção ou ausência total de valores) QUE É TÃO MARCANTE EM ALGUNS ADULTOS...
Seria isso um novo fenômeno social??? Influência da mídia??? -"não sei! mas o fato é que está ocorrendo uma hora aqui, e outra ali, observo crianças e jovens medindo forças de status: o celular ultramoderno, o brinquedo caro que apareceu na mídia ou aquele tênis que comprometeu 30% do salário do pai, trabalhador assalariado.
Antigamente, as crianças corriam nas ruas e nem sonhavam com novas tecnologias, ganhavam um tênis de marca irrelevante e eram muito felizes...
-Quem foi que implantou essas ideias capitalistas na mente das pessoas???
-Quem foi que corrompeu os olhares humanos, diferenciando as pessoas com ar de superioridade???
-Quem foi que disse que dinheiro trás felicidade??? (Dinheiro deveria suprir necessidades essenciais e não acumular riquezas e desigualdades, fazer a alegria de poucos e em contra partida a tristeza de muitos, que por falta de dinheiro sentem-se diminuídos diante de seus semelhantes)
-Quando foi que surgiram os roubos, os assaltos, sequestros, a disseminação das drogas em busca de novos viciados e mais e mais giro de dinheiro, dinheiro sujo a fim de gastá-lo com bens e riquezas que preencham o ego humano???
Capitalismo é o mal de todos os males...
Salvem suas crianças deste mal, eduque as novas gerações contra os ideais capitalistas e façam com que de uma vez por todas as crianças entendam que o satisfaz a alma não custa dinheiro algum, porque dinheiro não compra felicidade e felicidade começa em deixar de pensar em ter, ter e ter... mas agradecer pelo que se tem, ajudar aos que tem menos que a gente, conversar com pessoas que te querem bem pelo que és e não pelo que tens e saber que o mundo SEM CAPITALISMO seria um MUNDO SEM: inveja, destruição, opressão,desigualdade, ódio e tristezas...

( deixo em aberto porque este pensamento não tem fim)





sexta-feira, 12 de outubro de 2012




‎"Um dia desses,eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar."

-Carlos Drumond de Andrade-






A Palavra, o Pensar, o Consenso: a Educação (popular,formal ou informal)











Sempre fui uma pessoa que supervalorizou a escrita, nunca gostei de me expressar verbalmente; até mesmo porque minha dicção é horrível na pronúncia de determinadas palavras, então, sempre gostei de expressar-me através da escrita, entretanto, nunca parei pra refletir na estreita relação que a palavra (escrita ou falada) tem intimamente com as relações de poder. No texto, “O que é educação”? de Carlos Rodrigues Brandão , pude refletir acerca de alguns aspectos relevantes desse mecanismo que diz que o sentido da palavra trás e/ou faz um exercício de poder.
Uma vez revista a história da humanidade, e a transferência de conhecimentos antes mesmo da existência da escrita, pode-se perceber que as capacidades humanas sempre venceram obstáculos antes mesmo das mais rudimentares tecnologias, através de gestos, e posteriormente a fala, o homem pode perpetuar e aprimorar sua espécie até que o homo sapiens sapiens desenvolveu o primeiro sentido ao qual podemos atribuir como EDUCAÇÃO POPULAR.
No primeiro trabalho do eixo, entendi por educação popular como uma educação aberta ao povo, visando à realização de todos os direitos dessas pessoas, tornando-as esclarecidas e cientes de tais direitos através de conhecimentos adquiridos de estudos e reflexões que moldam futuros cidadãos, ou seja, levei em consideração os tempos atuais e a necessidade que eu, particularmente, entendo que seja necessária desenvolver nos alunos um senso critico comum, de discernimento e reivindicações de seus direitos, uma vez que, o “B-A-BA” e o raciocínio lógico sozinhos não constituem o homem, o homem precisa e desde sempre precisou PENSAR acerca de suas necessidades individuais e grupais para, a partir de um senso comum, que favorecesse e beneficiasse os interesses de todos, pudesse evoluir e expandir até os padrões sociais e culturais nos quais vivemos, entretanto, ainda existem muitos que se apoderam da palavra e do poder que lhes é delegado para persuadir a grande maioria do povo em benefício próprio, como o caso de nossos “queridos” políticos.
O pensamento humano deve estar atento à palavra e as armadilhas persuasivas que alguns indivíduos querem submeter aos outros, e a educação é o único caminho pra trazer essas pessoas leigas, através da reflexão de novos conhecimentos, a verdadeira luz da razão.
“(...) a palavra sem senso comum torna-se fala necessária para a sociedade e, por isso, é imposta e dada como legítima para realizar os atos do controle da vida social dominada pela desigualdade (...)” “O que é educação”? Brandão, Carlos Rodrigues. Página 3.

No livro Brandão, ainda faz uma reflexão sobre o que é a verdadeira palavra e quem garante que ela seja, de fato, a verdadeira palavra; a palavra legítima. O autor atribui a palavra como sendo a principal matéria do educador e da educação popular, através da qual o professor deve fomentar reflexões, tornando-a começo e fim do ato de pensar. Na verdade, é através da palavra que se constituem os conceitos, que se determina o senso comum e que se formam grande decisões pra vida de cada um ou de toda a humanidade, eis então, a sua estreia relação com o poder.

A educação popular é, portanto, um domínio de ideias e atitudes, conceitos e práticas que surgem das diferenças, buscando um ponto em comum, explorando com educação a educação. Vejamos a citação de Mikel Dufrennse, que Brandão faz ao longo de seu texto:

“(...) a educação é ao mesmo tempo uma instituição que o indivíduo encontra e o meio que ele tem para encontrar todas as instituições.”

A educação formal difere-se da educação popular, pois na educação formal existe uma sistematização do ensino, atribuída a uma instituição de ensino encarregada dessa sistematização e do cumprimento da mesma. Já, a educação não formal; a meu ver, é aquela que não exige essa sistematização do ensino para ser desempenhada, nem gera uma formação certificada, é uma mescla de conhecimentos populares e eruditos que se passam de geração para geração.
Atualmente, independente de existir fácil acesso a educação formal, as pessoas tem mesclado os saberes devido ao fácil acesso a informação, alunos nativos digitais, bombardeiam de informações os professores imigrantes digitais, é a revolução de tecnologias invertendo papéis e fazendo valer a frase de Cora Coralina: -“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Ainda nesse eixo, nos fora apresentado um filme “Quem quer ser um milionário” que trás a história de um menino que viveu em situações adversas durante a infância, que frequentava uma escola com um professor de atitudes duvidosas a de um educador, mas em seus olhos o menino trazia o ingrediente de um vencedor: a atenção, a observação, a reflexão das palavras que lhes eram ditas. Mesmo analfabeto, o menino tinha o dom de decodificar tudo que lhe era ensinado, e se os olhos que não conseguiam ler códigos escritos, estes mesmos olhos, guardavam na memória tudo aquilo que aprendiam. Certo dia, a fim de conquistar uma moça, ele participa de um programa de televisão e prestes a ficar milionário é preso por suspeita de fraude, as pessoas não podiam acreditar que um analfabeto poderia deter de tantos conhecimentos, uma vez que, para sociedade a educação formal e os métodos convencionais de aprendizado são os únicos aceitáveis, as pessoas não conseguem entender que muito antes da escrita a palavra já ensinava e transferia conhecimentos até hoje utilizados.
O fato é que educação não é um ato unilateral, não vem só da escola (educação formal) nem de casa ( educação informal) ou do contexto onde vivemos( educação popular e educação não-formal) a educação é multilateral e tece inúmeros saberes, inteligências múltiplas que o ser humano detém e é preciso que a educação seja vista como algo em movimento continuo e não apenas nos anos escolares e acadêmicos da vida de um individuo, vejamos outra citação que Brandão faz ao longo de seu texto:
“A educação permanente pode ser entendida como um sistema aberto, que
utiliza toda a potencialidade da escola e da sociedade para produzir os
valores, conhecimentos e técnicas que servem de base à práxis humana em
toda a sua plenitude.” (Demerval Trigueiro, “Um Novo Mundo, Uma Nova
Educação”, artigo da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, jan./mar.
1969, p. 15).


Há ainda, por trás de tudo, isso um passado de lutas e uma esperança de maiores melhorias da educação popular, principalmente na área da educação rural, uma vez que, nas cidades já existem certas dificuldades para essa conquista, no meio rural essas dificuldades acentuam-se, pois no fundo, no fundo, de tudo isso sempre houve interesse político, de quem quer um povo pouco instruído para gerar eleitores fáceis de persuadir, entretanto, como diz no texto "Verbete Educação Popular", movimentos sociais como o MST foram os protagonistas das discussões sobre o acesso de alunos campesinos á educação no contexto onde vivem.
Enfim, ainda há muitas palavras a serem ditas, muitas colocações a serem refletidas e repensadas e muitos conceitos a serem firmados, que nós acadêmicos de Licenciatura em Educação no Campo possamos, através da palavra, buscar excelentes alternativas pra nossa futura vida docente.


Fonte da imagem:http://www.tedio.org/wordpress/wp-content/uploads/2011/05/livro-barato.jpg