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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Palavra, o Pensar, o Consenso: a Educação (popular,formal ou informal)











Sempre fui uma pessoa que supervalorizou a escrita, nunca gostei de me expressar verbalmente; até mesmo porque minha dicção é horrível na pronúncia de determinadas palavras, então, sempre gostei de expressar-me através da escrita, entretanto, nunca parei pra refletir na estreita relação que a palavra (escrita ou falada) tem intimamente com as relações de poder. No texto, “O que é educação”? de Carlos Rodrigues Brandão , pude refletir acerca de alguns aspectos relevantes desse mecanismo que diz que o sentido da palavra trás e/ou faz um exercício de poder.
Uma vez revista a história da humanidade, e a transferência de conhecimentos antes mesmo da existência da escrita, pode-se perceber que as capacidades humanas sempre venceram obstáculos antes mesmo das mais rudimentares tecnologias, através de gestos, e posteriormente a fala, o homem pode perpetuar e aprimorar sua espécie até que o homo sapiens sapiens desenvolveu o primeiro sentido ao qual podemos atribuir como EDUCAÇÃO POPULAR.
No primeiro trabalho do eixo, entendi por educação popular como uma educação aberta ao povo, visando à realização de todos os direitos dessas pessoas, tornando-as esclarecidas e cientes de tais direitos através de conhecimentos adquiridos de estudos e reflexões que moldam futuros cidadãos, ou seja, levei em consideração os tempos atuais e a necessidade que eu, particularmente, entendo que seja necessária desenvolver nos alunos um senso critico comum, de discernimento e reivindicações de seus direitos, uma vez que, o “B-A-BA” e o raciocínio lógico sozinhos não constituem o homem, o homem precisa e desde sempre precisou PENSAR acerca de suas necessidades individuais e grupais para, a partir de um senso comum, que favorecesse e beneficiasse os interesses de todos, pudesse evoluir e expandir até os padrões sociais e culturais nos quais vivemos, entretanto, ainda existem muitos que se apoderam da palavra e do poder que lhes é delegado para persuadir a grande maioria do povo em benefício próprio, como o caso de nossos “queridos” políticos.
O pensamento humano deve estar atento à palavra e as armadilhas persuasivas que alguns indivíduos querem submeter aos outros, e a educação é o único caminho pra trazer essas pessoas leigas, através da reflexão de novos conhecimentos, a verdadeira luz da razão.
“(...) a palavra sem senso comum torna-se fala necessária para a sociedade e, por isso, é imposta e dada como legítima para realizar os atos do controle da vida social dominada pela desigualdade (...)” “O que é educação”? Brandão, Carlos Rodrigues. Página 3.

No livro Brandão, ainda faz uma reflexão sobre o que é a verdadeira palavra e quem garante que ela seja, de fato, a verdadeira palavra; a palavra legítima. O autor atribui a palavra como sendo a principal matéria do educador e da educação popular, através da qual o professor deve fomentar reflexões, tornando-a começo e fim do ato de pensar. Na verdade, é através da palavra que se constituem os conceitos, que se determina o senso comum e que se formam grande decisões pra vida de cada um ou de toda a humanidade, eis então, a sua estreia relação com o poder.

A educação popular é, portanto, um domínio de ideias e atitudes, conceitos e práticas que surgem das diferenças, buscando um ponto em comum, explorando com educação a educação. Vejamos a citação de Mikel Dufrennse, que Brandão faz ao longo de seu texto:

“(...) a educação é ao mesmo tempo uma instituição que o indivíduo encontra e o meio que ele tem para encontrar todas as instituições.”

A educação formal difere-se da educação popular, pois na educação formal existe uma sistematização do ensino, atribuída a uma instituição de ensino encarregada dessa sistematização e do cumprimento da mesma. Já, a educação não formal; a meu ver, é aquela que não exige essa sistematização do ensino para ser desempenhada, nem gera uma formação certificada, é uma mescla de conhecimentos populares e eruditos que se passam de geração para geração.
Atualmente, independente de existir fácil acesso a educação formal, as pessoas tem mesclado os saberes devido ao fácil acesso a informação, alunos nativos digitais, bombardeiam de informações os professores imigrantes digitais, é a revolução de tecnologias invertendo papéis e fazendo valer a frase de Cora Coralina: -“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Ainda nesse eixo, nos fora apresentado um filme “Quem quer ser um milionário” que trás a história de um menino que viveu em situações adversas durante a infância, que frequentava uma escola com um professor de atitudes duvidosas a de um educador, mas em seus olhos o menino trazia o ingrediente de um vencedor: a atenção, a observação, a reflexão das palavras que lhes eram ditas. Mesmo analfabeto, o menino tinha o dom de decodificar tudo que lhe era ensinado, e se os olhos que não conseguiam ler códigos escritos, estes mesmos olhos, guardavam na memória tudo aquilo que aprendiam. Certo dia, a fim de conquistar uma moça, ele participa de um programa de televisão e prestes a ficar milionário é preso por suspeita de fraude, as pessoas não podiam acreditar que um analfabeto poderia deter de tantos conhecimentos, uma vez que, para sociedade a educação formal e os métodos convencionais de aprendizado são os únicos aceitáveis, as pessoas não conseguem entender que muito antes da escrita a palavra já ensinava e transferia conhecimentos até hoje utilizados.
O fato é que educação não é um ato unilateral, não vem só da escola (educação formal) nem de casa ( educação informal) ou do contexto onde vivemos( educação popular e educação não-formal) a educação é multilateral e tece inúmeros saberes, inteligências múltiplas que o ser humano detém e é preciso que a educação seja vista como algo em movimento continuo e não apenas nos anos escolares e acadêmicos da vida de um individuo, vejamos outra citação que Brandão faz ao longo de seu texto:
“A educação permanente pode ser entendida como um sistema aberto, que
utiliza toda a potencialidade da escola e da sociedade para produzir os
valores, conhecimentos e técnicas que servem de base à práxis humana em
toda a sua plenitude.” (Demerval Trigueiro, “Um Novo Mundo, Uma Nova
Educação”, artigo da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, jan./mar.
1969, p. 15).


Há ainda, por trás de tudo, isso um passado de lutas e uma esperança de maiores melhorias da educação popular, principalmente na área da educação rural, uma vez que, nas cidades já existem certas dificuldades para essa conquista, no meio rural essas dificuldades acentuam-se, pois no fundo, no fundo, de tudo isso sempre houve interesse político, de quem quer um povo pouco instruído para gerar eleitores fáceis de persuadir, entretanto, como diz no texto "Verbete Educação Popular", movimentos sociais como o MST foram os protagonistas das discussões sobre o acesso de alunos campesinos á educação no contexto onde vivem.
Enfim, ainda há muitas palavras a serem ditas, muitas colocações a serem refletidas e repensadas e muitos conceitos a serem firmados, que nós acadêmicos de Licenciatura em Educação no Campo possamos, através da palavra, buscar excelentes alternativas pra nossa futura vida docente.


Fonte da imagem:http://www.tedio.org/wordpress/wp-content/uploads/2011/05/livro-barato.jpg

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